Ciência - Universo
O Sol em STEREO
Pela primeira vez, duas sondas espaciais da NASA conseguiram captar as primeiras imagens simultâneas e em 3D das duas faces do Sol. Trata-se da missão STEREO (Solar Terrestrial Relations Observatory), que com os seus dois satélites gémeos ajudará a conhecer melhor os fenómenos que se produ
zem na estrela, como as tempestades solares, através de imagens estereoscópicas e completas do Sol.
Depois de uma viajem conjunta de 470 milhões de quilómetros, os satélites, lançados em Outubro de 2006, estão agora posicionados de forma diametralmente oposta, a 180 graus, para conseguirem observar cada um dos lados do astro.
A visão completa do Sol, sobretudo das manchas solares (as causadoras das tempestades magnéticas)
que se produzam na face oculta do astro, deve melhorar ainda mais as previsões do tempo espacial. Para detectar tais manchas, havia que esperar que a própria rotação solar nos mostrasse o que estava a acontecer do outro lado. Tal facto deixava muito pouco tempo para reagir às nuvens de plasma enviadas na nossa direcção, afectando potencialmente as centrais de energia eléctrica, as comunicações críticas aéreas e militares, os satélites ou os sinais de Sistemas de Posicionamento Global (GPS).
Depósito húmido em Marte

Reservatório vulcânico reflecte um ambiente semelhante àquele que deu origem aos primeiros organismos terrestres
Marte pode já ter sido um planeta húmido, que reunia condições parecidas com a Terra quando surgiram os primeiros animais. Uma equipa de cientistas coordenada pela Universidade de Brown, nos Estados Unidos, descobriu um depósito vulcânico onde é visível a presença de água e calor, que terá sido formado há cerca de 3,5 mil milhões de anos, quando o planeta vermelho começou a tornar-se árido e a arrefecer.
Dados recolhidos pela sonda da NASA enviada a Marte permitiram identificar um reservatório de sílica hidratada, composto que prova a existência de água e que reflecte um ambiente semelhante àquele que deu origem aos primeiros organismos terrestres.
"O calor e a água necessários para criar este depósito terão provavelmente tornado este local habitável", defende J. R. Skok, aluno da Universidade de Brown e principal autor do estudo, publicado na revista Nature Geoscience. "Se existiu vida no planeta, este local poderá muito bem ser a sua tumba." Este depósito parece mesmo ser uma espécie de oásis habitável num planeta que está cada vez mais frio e inóspito.
NASA avista o 'cometa amendoim'

Pela primeira vez uma sonda chegou perto deste cometa e recolheu dados. É rugoso e apresenta uma forma curiosa, semelhante a este fruto
Pela primeira vez uma sonda da NASA, agência espacial norte-americana, detectou imagens do cometa Hartley 2, que já recebeu a alcunha de "cometa amendoim" por se assemelhar a este fruto. A sonda Deep Impact participava na missão EPOXI e passou ontem a 700 quilómetros do corpo, uma distância que permite observar atentamente as suas características: um objecto com cerca de 1,5 quilómetros de comprimento, com bastante relevo e jactos de gases a serem expelidos da superfície.
A maior aproximação ao Hartley 2 ocorreu pouco antes das 14.00 (hora portuguesa). A sonda viajava a uma velocidade relativa de 12,5 quilómetros por segundo. A passagem da sonda pelo Hartley 2 ocorreu a 23 mil quilómetros da Terra e foi apenas a quinta vez que uma nave conseguiu aproximar-se de um cometa. A NASA já avisou que vai demorar muitas horas a recolher toda a informação enviada pelas câmaras de luz visível e um sensor de infravermelhos da Deep Impact. Mas as primeiras imagens que chegaram à Terra dão uma visão fascinante do corpo gelado do cometa.
"Os cientistas pensam muitas vezes nos corpos celestes como sendo arredondados, e é óbvio que este não o é - é em forma de amendoim", comentou Don Yoemans, responsável pelo programa de objectos próximos da Terra da NASA. "A mãe natureza, mais uma vez, puxou o tapete das nossas ideias 'pouco científicas'", acrescentou.
A informação recolhida pela sonda de-ve dar aos cientistas uma maior compreensão das diversas propriedades e comportamentos daqueles corpos, dos mais complexos objectos do sistema solar. "Cada vez que analisamos algum cometa, descobrimos que estão cheios de surpresas", disse o chefe da investigação Mike A'Hearn, da Universidade de Maryland dos Estados Unidos. "Nenhum deles é igual, o que significa que deve haver diferenças fundamentais na forma como funcionam; e isso é o que estamos a tentar descobrir com a missão EXPOXI".
A sonda Deep Impact está numa missão alargada, tendo sido incumbida de fazer uma visita ao Hartley 2, depois de em 2005 ter conseguido com sucesso uma aproximação ao cometa Tempel 1. Nessa primeira missão, a nave lançou um projéctil que foi embater no núcleo do Tempel 1, libertando milhares de toneladas de resíduos de gelo (ver infografia).
O cometa Hartley recebeu o nome do astrónomo australiano Malcom Hartley, o primeiro a identificar o corpo numa placa fotográfica durante uma pesquisa feita no ano de 1986. O astrónomo esteve presente na NASA, no local de controlo de missões do Laboratório de Propulsão a Jacto (JPL, na sigla em inglês) na Califórnia, para ver as imagens do cometa enviadas pela Deep Impact: "É fantástico. Senti-me 'esmagado' por tudo o que aconteceu nestas duas semanas", disse. "Vai haver dados suficientes para manter os investigadores ocupados nos próximos 5, 10, 15 anos. Está provado que será uma investigação interessante", acrescentou o astrónomo.
Candidatos à vida extraterrestre
Existem seis fortes candidatos a albergar vida extraterrestre no Sistema Solar. Além do planeta Marte, o suspeito do costume, apresentam-se também novos concorrentes, como as luas Reia, Titã e Enceladus, de Saturno, e Europa e Io, de Júpiter. Apesar de os modelos computacionais dizerem que estão reunidas condições para haver vida, ainda falta percorrer os milhares de anos-luz e confirmar no terreno a sua existência.
O campo de pesquisa foi agora alargado, com a descoberta de uma bactéria capaz de sobreviver em arsénio. A sonda ‘Kepler’, lançada em Março de 2009, está a percorrer o Espaço à procura de planetas semelhantes à Terra, mas a resposta pode estar aqui ao lado. Desde sempre, o planeta Marte foi apontado como o local mais provável para a existência de vida extraterrestre, ideia que em 2008 sofreu um impulso com a descoberta de gelo.
As luas Reia, Titã e Enceladus, de Saturno, também são fortes candidatas. Há duas semanas, a sonda ‘Cassini’ detectou uma fina atmosfera de oxigénio e dióxido de carbono em Reia.
Os satélites de Júpiter Europa e Io estão, igualmente, referenciados pela NASA. A enorme crosta de gelo de Europa dá fortes indícios da existência de um ainda maior oceano no seu interior.
A imagem da Lua a encobrir o Sol foi captada pelo Observatório Solar Dinâmico da NASA, um aparelho equipado com vários telescópios, na órbita da Terra, que tem por missão recolher dados sobre a estrela.
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A imagem foi captada a 36 mil quilómetros da Terra e, além da Lua nova, mostra o sempre impressionante campo magnético do Sol.
O Observatório Solar Dinâmico da NASA está em órbita para uma missão de cinco anos, desde Fevereiro, como parte integrante do programa "Viver com uma estrela", com o qual a agência espacial norte-americana espera analisar os efeitos do Sol no nosso planeta.